
Por Grazi Caproni
Aprender a combinar alguns alimentos para potencializar seus efeitos e aproveitar ao máximo seus nutrientes é uma estratégia valiosa. O alimento inicia a digestão na boca e vai para o estômago, onde fica diluído no suco gástrico. Depois, ele chega ao intestino, local em que acontece a absorção da maior parte dos nutrientes. O principal motivo pela interação entre eles é a competição pelo sítio (local) de absorção, em que “disputam” pelo mesmo espaço. Outras possíveis causas são os complexos formados pelas substâncias (que podem aumentar ou diminuir a absorção) e a competição pela mesma célula que os transporta para o intestino.
Arroz + feijão
A combinação destes dois alimentos é bastante equilibrada em termos nutricionais: os aminoácidos que faltam em um alimento, você encontra no outro. Por exemplo: o arroz é pobre no aminoácido lisina, que é encontrado em abundância no feijão. Já o aminoácido metionina é pobre no feijão, mas tem presença marcante no arroz. A união só fica melhor caso você opte pelo arroz integral, que tem vitaminas do complexo B e zinco, o que só enriquece a parceria.
Ferro (ex. feijão) + vitamina C (ex. laranja)
Especialmente em pessoas com anemia ferropriva é recomendado que se consuma suplementos com as duas substâncias, já que a ingestão da vitamina C (ácido ascórbico) aumenta o aproveitamento do ferro não-heme (aquele que é fornecido pelos vegetais). Beber suco natural de limão ou maracujá na refeição em que seja consumido feijão melhorará a biodisponibilidade de seus nutrientes.
Gorduras (azeite) + licopeno (tomate)
Outra combinação interessante é adicionar azeite ao molho de tomate, naquela típica macarronada de domingo. Além de deixar a refeição mais gostosa, ainda potencializa os benefícios do tomate.
Abacate + tomate
A combinação encontrada no guacamole, segue a mesma ideia: a gordura saudável aumenta em até 10% a absorção dos carotenoides, dentre eles o licopeno. E o organismo só tem a ganhar com isso, já que reduz os radicais livres produzidos. E se não fosse pouco, o licopeno é capaz de bloquear o desenvolvimento de câncer de mama e ovário, sendo também um dos principais defensores do câncer de próstata. Atenção homens! Vale ou não vale à pena essa união?
Aprender a combinar os nutrientes é uma boa estratégia, mas é preciso atentar-se também a outros fatores, como ao estado nutricional do organismo. A microbiota intestinal precisa funcionar adequadamente. Afinal, a absorção das substâncias acontecerá no próprio intestino. Doenças metabólicas, como obesidade e diabetes, assim como uso regular de medicamentos (antibióticos, antiácidos, para perda de peso, etc.) também alteram nossas funções orgânicas, o que diminui o aproveitamento dos nutrientes. Fique de olho! Mesmo depois de 2.500 anos, a “faça do seu alimento seu remédio” continua válida. E a combinação entre alimentos sinérgicos – aqueles que quando misturados têm seus efeitos benéficos aumentados, é um hábito a ser cultivado.