Por Raíssa Zogbi
Quando se pensa na palavra sustentável, é comum associá-la ao cuidado e à preocupação com a natureza. De fato, ela faz sentido, mas é uma definição limitante perto da abrangência que seu sentido pode ter. No turismo, esse segmento trabalha muito além da forma consciente de se pensar no meio ambiente. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o turismo sustentável engloba as formas conscientes de uso dos recursos naturais, principalmente água e energia, que garantem o crescimento econômico local e a preocupação com a sociedade local e com o bem-estar dos visitantes.
Como funciona?
As ações planejadas por organizações públicas e privadas refletem nas cidades turísticas, na economia e na qualidade de vida dos chamados autóctones, que são pessoas nascidas na região. “É a junção entre ambiente, social e econômico, que gera lucro sustentável para a população e também para os gestores da cadeia turística”, explica a especialista em viagens da Minds Travel, Lorena Peretti.
5 pilares do turismo sustentável
- Estimular o crescimento econômico;
- Promover a inclusão social;
- Aumentar o aproveitamento de recursos protegendo o meio ambiente;
- Preservar as tradições de culturas locais;
- Buscar a convivência pacífica e segura entre comunidades.
Tecnologia à favor
Os novos meios tecnológicos facilitam a integração do poder público e privado, através de mecanismos de controle. Muitos locais do mundo limitam o número de turistas diariamente e, para facilitar essa contagem, há tickets únicos que são comercializados para enumerar os indivíduos. “Essa limitação no número de visitantes preserva o local visitado, melhora a qualidade do atendimento dos comerciantes e demais agentes do turismo, e controla a elevação de tarifas abusivas para os turistas”, afirma Lorena. De acordo com ela, países como Finlândia, Suécia e Dinamarca estão à frente nessas ações e são vistos como modelos bem sucedidos nos quesitos: preocupação com o meio ambiente e uso de energia limpa.
Procura
Na era do compartilhamento, da troca de informações e com a chegada da nova geração, que carrega a preocupação com o planeta como uma de suas principais características, os destinos sustentáveis são cada vez mais procurados, por irem ao encontro do desejo pelo inusitado, por locais que se preocupam com o entorno e limitam o número de pessoas para experienciar as atrações. “No período em que vivemos, em que vale a experiência de coisas e lugares inexplorados, o turismo sustentável anda de mãos dadas com a geração que não quer apenas descanso. Os nascidos após 2000, que já representam um terço da população mundial, vêm influenciando as demais gerações”, aponta Lorena.
Para todas as idades e geralmente destinados a turistas que querem contato com a natureza, esses destinos já foram, por muito tempo, limitados ao conceito de rústico e sem conforto. Porém, é um conceito que vêm sendo desmistificado. “Há cadeias renomadas de hotéis e outros meios turísticos de alto padrão que investem no turismo sustentável. Afinal, o gasto que se tem no início com energia limpa, entre outras ações são barateados a médio e longo prazo. Tudo é um questão de planejamento financeiro e dos impactos positivos que essas ações sustentáveis renderão”, completa a especialista.
Como ser sustentável?
De acordo com a especialista, a palavra de ordem para seguir um padrão sustentável de turismo é planejamento. “É preciso analisar o solo, a população do entorno, os possíveis danos ambientais e se é preciso controlar ou limitar o número de acessos de visitantes”, finaliza Lorena.
10 principais destinos sustentáveis do Brasil
O Brasil é reconhecido como um país tropical e procurado por turistas de todo o mundo por sua vasta área natural. Na lista abaixo, você encontra 10 opções de destinos sustentáveis para colocar a lista de viagens. Conheça mais sobre os três primeiros colocados da lista!
- Ilha de Porto Belo (Santa Catarina)
- Bonito (Mato Grosso do Sul)
- Fernando de Noronha (Pernambuco)
- Vale do Ribeira (São Paulo)
- Socorro (São Paulo)
- Petar- Parque Estadual do Alto do Ribeira (São Paulo)
- Reserva de Mamirauá (Amazonas)
- Miranda (Mato Grosso do Sul)
- Gramado e Canela (Rio Grande do Sul)
- Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca (Minas Gerais)
Ilha de Porto Belo (Santa Catarina)
Há 65 quilômetros de Florianópolis, a ilha abriga histórias místicas de um “mapa do tesouro”, gastronomia diferenciada e atividades como mergulho e tirolesa. Ela é a prova de que o turismos não se restringe apenas ao Ecoturismo. Com 4 mil anos de história e um atendimento de A&B que não perdem em nada aos locais que não tem essa preocupação ambiental, só pode receber 1879 pessoas por dia.
Bonito (Mato Grosso do Sul)
O título de cidade menos violenta do Mato Grosso do Sul é fruto do turismo praticado na região. Isso porque as autoridades públicas atuam em conjunto com a privada e, assim, geram empregos. Lá também há uma capacidade de suporte delimitada em cada passeio. O balneário municipal, por exemplo, pode receber até mil pessoas por dia, sendo que 800 vagas são para moradores locais. “No momento que a população local é incluída, gera-se o sentimento de pertencimento e de cuidado com o local. O turista sente isso na prática: passeios estruturados, cidade preservada e felicidade de quem os recebe”, conta Lorena.
Fernando de Noronha (Pernambuco)
O arquipélago que tem 21 ilhas, sendo a maior nomeada também de Fernando de Noronha, é um dos principais cartões postais do país. O turismo é restringido a 420 visitantes por dia, e por isso, acaba por ser um destino caro. No fim de dezembro de 2018, ele se tornou o primeiro lugar do Brasil a aprovar o banimento total dos plásticos descartáveis. Assinado pelo Administrador Geral da Ilha, Guilherme Rocha, o decreto estabelece a proibição da entrada, da comercialização e do uso de recipientes e embalagens descartáveis de material plástico ou similares no Distrito Estadual de Fernando de Noronha.