Por Mariana Arruda e Raíssa Zogbi

De difícil definição e muitos significados, a palavra mãe transcende as possibilidades do dicionário. O amor que vai além de onde os olhos enxergam, ultrapassa os limites do abraço e supera qualquer outro sentimento já experimentado, sabe se mostrar sempre igual, sendo sempre completamente diferente. Sabe se multiplicar sem segregar. Sabe renascer sem morrer. Sabe florescer sem temer.

No mês de celebração do Dia das Mães, a Campinas Cafe conversou com cinco mães, que independente de suas singularidades, compartilham do amor da maternidade. Conheça Gabriela, Isabela, Ana Cláudia, Mariana e Elza, mulheres que que se reinventam e vivem o amor em cada momento, do jeitinho como acham que ele deve ser. Acompanhe.

Tudo no seu tempo

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Helena Matos Ament, filha de Gabriela, nascida em 4 de maio de 2019

“Tudo acontece no momento certo. Precisamos confiar!”. É assim que a nutricionista Gabriela Matos define sua trajetória da maternidade. Hoje, mãe de dois filhos: Guilherme, de 5 anos e Helena, que nasceu em 4 de maio de 2019, ela reflete com mais tranquilidade sobre os desafios que encontrou nessa caminhada. Sua primeira gestação não foi planejada. “Estávamos de férias no Chile e, ao retornar, confirmaram a gravidez”. Para ela, um susto. Para o marido Thiago, uma alegria. “Depois tudo se encaixa e você fica extremamente feliz e ansiosa”, conta. No dia 14 de maio de 2014 nasceu Guilherme. “Ali começou a minha aventura da maternidade. A real, e não a que a gente vê nas propagandas. Com mastite, febre, sangramento da mama, fissuras”. A partir de então, Gabriela conta que até ouvir choro quando não tinha, ela ouvia. Mas, passou. Ela define cada fase como única e preciosa. “O tempo passa, eles ficam independentes, sua vida volta ao normal e você fica com saudade de ter um bebê em casa. Doido isso, né?”, brinca.

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Gabriela celebrou a gravidez com um ensaio fotográfico ao lado de Thiago Ament

As dificuldades da maternidade já estavam distantes, quando Gabriela descobriu que estava novamente grávida. Outro menino. Mas, dois meses depois, a nutricionista teve um sangramento. “O coração, por alguma razão, parou de bater”. O período de luto deu espaço a mais uma fase de esperança, com a terceira gestação. “Não contamos pra ninguém. Mas, nas férias de janeiro, na praia, tive outro aborto. Não acreditava que, de novo, estava passando por aquilo”. Logo após a perda, Gabriela se deparou com mais um obstáculo: seu marido caiu do telhado, ficou inconsciente e em tratamento por muitos meses. “Foi o dia mais difícil da minha vida. Foram longos meses até a sua recuperação e até voltarmos a conversar sobre o segundo filho”. Até que, em agosto de 2018, Gabriela engravidou de novo! Hoje, com Helena nos braços, ela lembra de sua história com alegria e acredita que os planos acontecem exatamente como e quando devem ser.  “Precisamos ter fé e confiar”, finaliza.

Nasce uma filha, nasce uma mãe

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Foto: Mariana Maques

Desde o teste de gravidez até a amamentação, Isabela Cremasco sentiu na pele o que é ser mãe de primeira viagem: a insegurança do parto e das responsabilidades chegavam aos poucos. “O medo era gigante, mas quando a barriga começa a aparecer, você percebe que tem uma pessoa que agora depende de você”, explica. No grande dia, uma surpresa: Isabela não poderia ter um parto normal como o desejado. “A médica disse que não podia colocar em risco a tranquilidade da minha filha, e que já havia marcado horário para a Cesária”.

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Foto: Mariana Maques

Naquele momento, enquanto se preparava para se tornar mãe, Isabela conta que um sentimento único tomou conta do centro cirúrgico: “Quando a médica mostra o bebê já dá um sentimento por dentro que eu não sei explicar ao certo o que é. Uma mistura de amor, felicidade”, completa.

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Foto: Mariana Maques

Hoje, já com algumas semanas em casa, Isabela conta que o medo é substituído a cada dia por uma vontade imensa de aprender coisas novas com a filha. “Você vê que dá tudo certo apesar de não ter experiência nenhuma”, finaliza Isabela.

Coração de mãe sempre cabe mais um

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De trás para a frente, da esquerda para a direita: Dorothy, Vinicius, Bianca, Arlane, Amanda, Karoulayne, dona Elsa, Luana, Marrien e sr. Caludio

Mãe de oito filhos, a dona de casa Elza Milani Lopes, de 69 anos, se diz realizada em ter alcançado o sonho de uma casa cheia. A mãe biológica de Luana, Ariane, Vinícius e Amanda, teve sua vida preenchida com a chegada de mais quatro integrantes aos 47 anos. “Em um ano, de forma inesperada, minha casa tinha mais três bebês”, conta. A vontade de constituir uma família grande foi reflexo de uma infância com dificuldades e ausências. “Meu pai morreu muito cedo e minha mãe me deixava na creche de manhã e me buscava só às nove da noite, depois do trabalho. Então, eu quase não encontrava com ela”, conta. Por isso, quando se casou, tinha convicção de que queria ter filhos. “Me cortava o coração ver crianças na rua. Eu sabia que podia dar minha contribuição. Eu queria mudar o mundo”, lembra Elza.

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Dona Elsa e sr. Claudio com os filhos e netos

Foi então que, já com quatro filhos, ela começou sua história na adoção. “As pessoas sabiam que eu gostava e me avisavam quando a mãe de algum bebê não queria ou não podia ficar”. Em 1996, Elza recebeu um telefonema de uma mãe que havia tido uma menina e iria entregar para adoção. “Peguei um ônibus, fui ver e menina e fiquei com ela”. O esposo, senhor Claudio, apoiou a decisão, mas depois de 15 dias, mais uma criança precisava de lar. “Meu marido me questionou se eu ia ficar com mais um bebê e eu respondi que se chegou até mim, eu ficaria”. Eis que chegaram Marrien e Bianca, hoje com 23 e 24 anos. “E olha que coincidência: as duas chamavam Amanda, mas já tínhamos uma filha com esse nome, então trocamos”. Passaram-se sete meses e mais uma adoção: Karolyne, que hoje tem 22 anos e está em intercâmbio na Irlanda. Mas, não acabou por aí. Afinal, coração de mão sempre cabe mais um. Assim, Dorothy, a caçula, hoje com 17 anos, chegou até a família através do projeto Sapeca, do qual a família participava e consiste em acolher crianças afastadas do convívio familiar por medida de proteção. “Ela chegou com a perninha engessada porque tinha sido atropelada e mesmo assim não parava de brincar”. Dona Elza a levou para assistir O Mágico de Oz, e foi lá que a filha escolheu seu próprio nome.

Hoje, aos 69 anos, a mãe relembra sua trajetória com orgulho e se mantém otimista em seguir com sua casa cheia. “Tenho sete filhas e a mulher acompanha muito a mãe. O agregado é que vêm. Então, minha família só vai crescer”. Assim como as três meninas com o mesmo nome, os frutos de dona Elza são todos “Amanda”, palavra que se define como “digna de amor”.

Amor em dobro

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Ana Cláudia e Mariana com o pequeno Pedro

Pedrinho nasceu com sorte, e em dose dupla. A história do menino fotogênico do Instagram (@pedrinho_t21) começou quando Ana Cláudia Bertoni descobriu que estava grávida pouco depois de assumir um relacionamento sério com Mariana Durante. “Eu não sabia, mas eu já estava grávida e resolvemos encarar essa juntas”, explica. Afinal, é aquela história: amor nunca é demais.

Pedro nasceu com Síndrome de Down no colo de duas mães e um pai. “Foi um susto misturado com falta de informação. Então, nós ficamos sempre juntos procurando conhecer instituições para entender mais sobre essa condição”, conta.

Ana Cláudia explica que dividir a maternidade de Pedro com outra mulher é uma experiência engrandecedora. “Ter ao meu lado outra mãe de primeira viagem é muito confortante. Ela bateu no peito e disse que independente da aprovação das pessoas, ela ficaria com a gente e, realmente, ela está aqui”, diz Ana Cláudia.

Hoje, depois de Pedro sair de uma cirurgia cardíaca, a mãe conta que está animada em aprender e compartilhar o crescimento do filho com Mariana. “A cada dia é uma descoberta, uma vivência. O amor é muito gostoso, é incondicional”, reflete.