A chegada do coronavírus provocou transformações, fez com que diversos setores se reinventassem e alterou os hábitos das pessoas ao redor de todo o mundo. Uma das grandes mudanças causadas pela pandemia está diretamente relacionada às habilidades e competências que serão necessárias para os profissionais no mercado de trabalho no pós-pandemia. Mas, o que será exigido no “novo normal” e como será esse processo de recomeço? Como o chamado mundo VUCA pode influenciar esse cenário?
Para Mariana Bortolazzo Prezutti, coordenadora da área educacional e de apoio psicopedagógico do Centro Universitário Senac – Águas de São Pedro, adaptabilidade, empatia, resolução de problemas complexos, colaboração e criatividade são as cinco principais habilidades comportamentais que o profissional precisará ter daqui em diante para ser inserido ou continuar no mercado de trabalho. Além disso, as competências técnicas continuarão sendo essenciais, porém não as mais importantes. “Cada vez mais as pessoas precisarão utilizar ferramentas tecnológicas e estar conectadas às transformações digitais. A internet continuará impactando nossas vidas pessoais e profissionais e não poderemos ignorar esse fato. Então, qualquer que seja a ocupação ou a profissão, será necessário constante aperfeiçoamento e atualização nos recursos digitais e tecnológicos”, explica.
O cenário causado pela Covid-19 também trouxe à tona o mundo VUCA, acrônimo originário das palavras em inglês volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Ou seja, daqui para frente as pessoas viverão em um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, no qual a tecnologia terá um papel ainda mais poderoso. “Apesar do termo ter sido adotado há alguns anos, é bastante atual, pois retrata a velocidade em que ocorrem as mudanças, as incertezas que dificultam a criação de planos a longo prazo e o contexto complexo em que vivemos. As certezas que temos hoje podem não ser válidas amanhã”, diz Mariana.
Um dos principais efeitos do VUCA nas empresas e entre os profissionais é justamente a dificuldade para se planejar diante das constantes mudanças de cenário, porém, lidar com as alterações de maneira criativa pode minimizar esses efeitos. E, por isso, no ‘novo normal’ se torna tão importante o profissional desenvolver habilidades essenciais que sejam muito mais sociais, comportamentais e relacionais do que técnicas. Ele precisará, por exemplo, desenvolver a adaptabilidade, muito importante para lidar com incertezas, ambiguidades e instabilidades. Os novos profissionais também precisarão ter visão para alterar a rota quando necessário, se adequando às novas necessidades e influenciando pessoas. Já na perspectiva das organizações, será fundamental um trabalho mais integrado, com a criação de equipes multidisciplinares que consigam tomar decisões rápidas e que estejam focadas em soluções e aprimoramento dos seus produtos e serviços.
Para Mariana, o mercado profissional precisa de pessoas competentes, que saibam operar bem as máquinas, conheçam processos e utilizem as ferramentas corretas, mas de nada adianta se elas não conseguirem ser flexíveis, não se adaptarem às mudanças e não terem empatia, pois dificilmente terão sucesso no mundo VUCA. “Vivemos um momento cada vez mais colaborativo e saber lidar com pessoas, mais do que com processos e máquinas, ter empatia, tem se tornado essencial. Temos presenciado o surgimento, o desaparecimento e a transformação de ocupações, o que têm demandado novas capacidades. Por isso é tão importante promover uma educação que desenvolva essas habilidades e competências, para que os profissionais consigam escolher diversos caminhos, atuando de forma consciente e se adaptando conforme as novas demandas, ressalta.
Dicas aos profissionais para o “novo normal”
Tanto para os profissionais que já estão no mercado de trabalho quanto para os que ainda vão ingressar, Mariana Bortolazzo Prezutti separou algumas dicas importantes para o cenário do pós-pandemia:
• Tenha empatia: seja capaz de se colocar no lugar do outro e não faça julgamentos baseados em critérios e crenças construídas por si mesmo. Pessoas empáticas no trabalho promovem um ambiente mais colaborativo e com redução de conflitos, além de contribuírem para uma equipe mais conectada entre si;
• Mude o mindset: passar de uma mentalidade fixa para uma mentalidade de crescimento, ou seja, sair da zona de conforto e partir para um caminho de constantes descobertas e aprendizados;
• Aprenda ao longo da vida: não há mais aquele que já aprendeu e sim aquele que vive aprendendo. É necessário fazer boas leituras do contexto e do mercado de trabalho, atentando-se para as habilidades e as competências necessárias alinhadas aos propósitos de vida;
• Tenha um profundo processo de autoconhecimento: isso será muito importante para que seja possível conhecer seus pontos fortes e aprimorá-los;
• Não se acomode: é preciso ser um eterno aprendiz e estar conectado com as mudanças no mercado de trabalho que são impulsionadas pelas ferramentas digitais;
• Invista na carreira profissional: com o tempo muitos postos de trabalho irão desaparecer e outros serão inventados. Sempre busque se atualizar e continuar estudando.