A Ford chamou muita atenção com a recente estreia do Mustang Mach-E, mas a verdade é que a empresa tem trabalhado com veículos elétricos durante a maior parte da sua existência. carros elétricos da Ford 

O fundador da empresa, Henry Ford, trabalhou em pelo menos dois veículos elétricos experimentais por volta de 1913 junto com o amigo e inventor Thomas Edison, que buscava criar um tipo aprimorado de bateria. A Ford anunciou, na época, que ambos estavam trabalhando em um veículo elétrico de baixo custo, um protótipo com peças do Modelo T, que nunca foi produzido.

carros elétricos da Ford 

Ironicamente, foi o sucesso do Modelo T, mais acessível e movido a gasolina, lançado em 1908, que dificultou a competição dos veículos elétricos daquela época. A partida elétrica tornou os modelos a gasolina mais fáceis de operar. A melhoria das condições das estradas, o petróleo barato e a tecnologia limitada de baterias também ajudaram a manter os carros elétricos fora das ruas nas décadas seguintes. Porém, no final dos anos 60, a escassez do petróleo e as preocupações ambientais renovaram o interesse por esses veículos.

Em 1967, pesquisadores da Ford desenvolveram o Comuta, um protótipo experimental totalmente elétrico. O subcompacto, alimentado por quatro baterias de chumbo-ácido, tinha autonomia de 64 km com carga total e velocidade máxima de apenas 40 km/h. O carro urbano com pouco mais de 2 metros de comprimento nunca foi produzido.

carros elétricos da Ford 

Em 1979, o programa de pesquisa e desenvolvimento de carros elétricos da Ford criou um Fiesta experimental com bateria de níquel-zinco. O carro, um dos quatro protótipos criados pela marca, tinha uma velocidade máxima de cerca de 100 km/h e autonomia de 160 km. Sua bateria de 317 kg tinha duas a três vezes mais energia por peso que as baterias de chumbo-ácido e a metade do volume do modelo anterior, mostrando o progresso significativo da Ford nessa área. carros elétricos da Ford 

No final da década de 1980, a Ford desenvolveu outro veículo elétrico de pesquisa em parceria com o Departamento de Energia dos EUA. O ETX-II, um Ford Aerostar totalmente elétrico, tinha velocidade máxima de 100 km/h e autonomia de 160 km. Inicialmente, era alimentado por uma bateria de chumbo-ácido, depois trocada por uma bateria de sódio e enxofre.

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Em 1991, o conceito Connecta foi outro grande passo. Sua bateria de sódio e enxofre – inovação da qual a Ford foi pioneira na década de 1960 e continuou pesquisando mesmo depois de outras marcas descartarem a tecnologia, devido à sua complexidade – podia ser recarregada numa tomada doméstica comum ou numa tomada especial de 220 V.

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Dois anos depois, a empresa desenvolveu a van elétrica Ecostar – baseada no Escort europeu – para um programa-piloto de frotas. O anda e para na cidade provou ser um ambiente adequado para a van, que tinha autonomia de 160 km e velocidade máxima de 112 km/h. Uma frota de teste com mais de 80 Ecostars rodou mais de 1,6 milhão de km em cidades ao redor do mundo, mas o custo de US$ 45.000 da bateria de sódio e enxofre inviabilizou sua produção. carros elétricos da Ford 

Mais tarde, nos anos 1990, a Ford avançou bastante nos custos com uma Ranger elétrica, o primeiro veículo elétrico de produção vendido nos Estados Unidos. Mesmo com preço público de cerca de US$ 30.000, a maioria das 2.000 Ranger elétricas produzidas entre 1998 e 2000 foi vendida ou arrendada para empresas de serviço público e agências governamentais, como o Serviço Postal dos EUA. Com bateria chumbo-ácida, a picape tinha velocidade máxima de 120 km/h e autonomia de cerca de 96 km. A opção de uma bateria de níquel-metal-hidreto, lançada em 1999, deu a ela a mesma capacidade de carga útil da Ranger a gasolina, além de autonomia ampliada para 160 km.

Na época do lançamento da Ranger elétrica, a Ford entrou no Consórcio de Baterias Avançadas dos Estados Unidos com o objetivo de desenvolver um veículo elétrico acessível com autonomia de 160 km, enfrentando os desafios de custo, durabilidade e alcance limitado das baterias chumbo-ácidas.

Nos anos seguintes, a empresa continuou a pesquisar outros tipos de bateria. Seu centro de pesquisa e engenharia avançada na Europa desenvolveu o primeiro veículo totalmente elétrico com uma bateria de íons de lítio, baseado no Ka, em 2001. O e-Ka tinha uma autonomia de mais de 145 km e velocidade máxima em torno de 130 km/h.

O TH!NK City e o TH!NK Neighbor surgiram um ano depois. Parte de um programa-piloto de 400 unidades, o TH!NK City era um compacto de dois lugares com baterias de níquel-cádmio. Ele atingia a velocidade máxima de cerca de 90 km/h, com autonomia de 64 a 80 km. O TH!NK Neighbor era um veículo de dois ou quatro lugares, projetado para viagens curtas. Alimentado por baterias de chumbo-ácido, tinha velocidade máxima de 40 km/h e autonomia de 32 a 48 km. Foram produzidos 7.000 TH!NK Neighbor.

Híbridos

No início dos anos 2000, as montadoras ainda não tinham conseguido produzir um carro elétrico popular e acessível e a atenção se voltou para os híbridos. Em 2004, a Ford lançou seu primeiro modelo híbrido de produção, o Ford Escape Hybrid (junto com o Mercury Mariner Hybrid). O Escape Hybrid foi o primeiro SUV híbrido do mundo e o primeiro híbrido produzido por uma montadora da América do Norte. Ele foi eleito Utilitário do Ano nos EUA e começou a operar em frotas de táxi na cidade de Nova York.

Em 2005, a Ford lançou um veículo a célula de combustível, que convertia energia química em eletricidade para acionar o motor usando hidrogênio e oxigênio. Esse modelo tinha uma autonomia de cerca de 300 km e velocidade máxima de 130 km/h. A empresa passou a oferecer mais opções híbridas, incluindo os Fusion Hybrid e híbrido plug-in, o Lincoln MKZ Hybrid, os C-MAX Hybrid e plug-in, além do Focus Electric totalmente elétrico.

O novo Ford Escape 2020 ganhou recentemente um sistema híbrido, incluindo uma opção híbrida plug-in. O novo Ford Explorer 2020 também oferece uma opção híbrida na versão de topo Limited, assim como o Lincoln Aviator e o Lincoln Corsair nas versões Grand Touring. Esses veículos trazem a tecnologia de bateria de íons de lítio de quarta geração da marca.

Em novembro último, a Ford lançou o Mustang Mach-E elétrico em Los Angeles. As reservas da edição limitada First Edition se esgotaram rapidamente. Outras versões do Mustang Mach-E, como Premium e GT, ainda estão disponíveis para clientes dos EUA e Europa.

A lista de reservas do Mustang Mach-E revela alguns dados interessantes: o cinza Carbonized é a cor mais procurada, por 38% dos clientes, seguida do azul Grabber Metallic (35%) e vermelho Rapid (27%). Mais de 80% dos clientes dos EUA optaram pela bateria de alcance estendido, 55% optaram pela versão com tração integral, cerca de 30% escolheram o Mach-E GT e mais de um quarto das reservas são da Califórnia.