Por Prof. Ms. Rodrigo Domingues 

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Os alongamentos sempre foram vistos como uma das mais salutares atividades físicas, sendo ainda hoje lembrado como uma eficaz ferramenta para se minimizar eventuais dores articulares e igualmente a nos preparar para algum esporte. Entretanto, questionamentos surgiram entre os profissionais da área, colocando em xeque a sua real importância.

Mas afinal, o que se sabe hoje sobre o alongamento dos músculos? É ou não é importante para evitar lesões ou dores pós-treino? Podemos, desde já, contudo, afirmar que tal atividade é bem menos relevante do que se pensava em tempos passados.

Começo pelas dores na coluna (uma condição que afeta mais de 90% da população mundial). Estudos diversos vêm mostrando que o fortalecimento de músculos da cintura pélvica, incluindo os abdominais e os paravertebrais, são muito mais positivos no controle das dores do que os alongamentos, tal como constatou o Departamento de Reabilitação Esportiva da Shanghai University of Sport, na China (2012). Entretanto, cabe ressaltar que não estamos aqui considerando pessoas em tratamento médico, cujas implicações e necessidades seguem outro viés. Um sinal disso é o aumento exponencial das aulas de Pilates, as quais colaboram muito com o aumento da força muscular.

Como fazer alongamentos corretamente

Todavia, no tocante à preparação física, especificamente, os alongamentos perdem ainda mais significância através de outro estudo, desta vez vindo da Croácia, na Universidade de Zagreb (2013). Cientistas fizeram uma revisão sistemática de 104 pesquisas sobre o tema, cujo resultado básico foi de que o alongamento pré-treino diminuiu a força em 5,5% e a aptidão para a explosão muscular em outros 2,8%. Outro estudo, publicado no The Journal of Strength and Conditioning Research (2013) concluiu que praticantes regulares de musculação levantaram 8,3% menos carga quando fizeram alongamentos prévios. O neurofisiologista Paulo Correia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) endossa as descobertas afirmando que pode haver até mesmo um aumento no risco de lesão, uma vez que o alongamento causa relaxamento dos tendões e músculos.

Apontados os problemas, vamos então a algumas soluções e dicas simples. Primeiramente, vale informar que, tanto para mim quanto para os mesmos pesquisadores acima citados, o que mais previne lesões nos esportes são os aquecimentos prévios feitos através de movimentos de baixa intensidade e similares aos que serão executados durante a atividade física. Ou seja, um pequeno trote antes de uma corrida de alta velocidade, ou movimentos com pouca carga antes da musculação, ou giros do braço sem a bola antes de fazer ataques no vôlei ou tênis de campo, e assim por diante. Os alongamentos, por sua vez, não precisam ser excluídos totalmente, podendo os mesmos serem feitos em dias específicos, ou por exemplo, duas horas ou mais depois da atividade física.