A epidemia de queda capilar no mundo é uma grande preocupação, até mesmo entre os jovens. “É indicado procurar um dermatologista quando a perda excede 100 fios por dia. Como é um processo progressivo, o cabelo vai afinando, ficando mais ralo, até a perda completa da função do bulbo. Para evitar isso, o médico poderá prescrever tratamentos em consultório, como os lasers e a infusão de medicamentos e ativos no couro cabeludo para estimular o crescimento dos fios, além de um protocolo home care com uso de medicamentos, tópicos e orais, e suplementos”, explica a Dra. Cintia Guedes, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Para tratar o problema, muitas novidades chegam ao mercado todo ano. Mais recentemente, três delas ganharam destaque: um ácido hialurônico injetável para o cabelo, uma radiofrequência microagulhada desenhada para o couro cabeludo e o tratamento regenerativo com células do próprio paciente.

Abaixo, consultamos dermatologistas para explicar a ação dos procedimentos:

NCTF (Ácido hialurônico injetável e enriquecido): Segundo o dermatologista Dr. Renato Soriani, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o injetável associa ácido hialurônico a 12 vitaminas, 24 aminoácidos, 6 enzimas, 5 ácidos nucleicos e 6 minerais para revitalizar a saúde dos folículos. “A fórmula contém um poderoso antioxidante, a glutationa, que desempenha um papel fundamental na luta contra efeitos deletérios do estresse oxidativo sobre o folículo do cabelo, além de melhorar a microvascularização”, diz a Dra. Lilian Brasileiro, médica dermatologista especializada em Medicina Capilar, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares. O tratamento tem estudos “in vitro” e em humanos.

“Em testes ‘in vitro’, o produto estimulou significativamente a multiplicação das células (147%) e a síntese de colágeno intra (165%) e extracelular (200%)”, diz o dermatologista Dr. Renato Soriani. Já em humanos, a técnica foi testada em 10 pacientes com o objetivo de verificar a oportunidade e eficácia da associação entre esse ácido hialurônico injetável e LED no tratamento da alopecia androgenética. “A terapia cessou a queda capilar após um mês com uma a duas sessões. Foi notado o crescimento visível desde a terceira sessão, progressivamente à medida que o tratamento foi feito, com resultados no aumento na densidade, volume do cabelo e melhoria na qualidade (mais brilhante, mais elástico e repigmentado)”, explica o médico.

Megaderme Duo: O sistema de radiofrequência microagulhada age para melhorar a queda, garantir crescimento acelerado e engrossar os fios. “Ele conta com um sistema de microagulhas extremamente finas, que vão agir no nível do bulbo capilar com energia de radiofrequência extremamente baixa para estimular sem atrofiar. Esse que é o grande diferencial”, explica o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr., membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Uma radiofrequência para ter efeito positivo no couro cabeludo tem que ser uma dose extremamente baixa e balanceada”, diz o médico. “Além de estimular os bulbos, ela abre canais para o drug-delivery, que é a aplicação de medicamentos pelos canais de entrada que as agulhas fizeram na pele, estimulando a diferenciação das células, o que ajuda também a engrossar o cabelo”, diz o médico.

“Essa técnica é versátil e pode beneficiar o tratamento do afinamento capilar senil e por calvície, pode ser usada no tratamento da alopecia areata para injetar ativos e medicações diretamente na raiz do pelo, para melhorar o crescimento e recuperação de quadros pós-queda e pode ser uma estratégia para melhorar o crescimento dos fios”, acrescenta. Segundo o médico, durante a sessão, o paciente sente uma pequena dor, menor que a de um procedimento com roller, já que as agulhas são extremamente finas. “E a disposição em diagonal faz com que elas fiquem longes umas das outras, não deixando concentrar a dor”, explica. O protocolo é feito em três sessões mensais.

Regenera AMT: Esse é um tratamento regenerativo, feito com microenxerto autólogo de células mesenquimais. Segundo a dermatologista Dra. Lilian Brasileiro, o tratamento é minimamente invasivo, realizado em consultório e não é um implante capilar. “Na técnica, o médico extrai células foliculares saudáveis da região da nuca do próprio paciente. Em seguida, elas são colocadas em um equipamento, que entrega células progenitoras. Essas células, que são como operárias e vão se multiplicar para estimular o crescimento capilar, são aplicadas na região que o paciente precisa que nasça cabelo”, explica a médica. O tratamento Regenera AMT é aprovado em 60 países. O procedimento é indicado para calvície, tanto masculina quanto feminina, e é realizado no próprio consultório sob anestesia local. “As sessões duram em média uma hora. Recomendamos de uma a duas ao ano, com resultados observados entre seis e nove meses”, diz a médica.

Além dessas novidades, há também tratamentos clássicos para o problema.

Tratamento domiciliar

Medicamentos e suplementos podem ser usados em casa para auxiliar o crescimento dos fios, mas a prescrição médica é fundamental. Segundo a dermatologista Dra. Cintia Guedes, eles podem ser bloqueadores da ação da enzima 5-alfa-redutase (que é responsável por converter o hormônio testosterona em di-hidrotestosterona ou DHT, que induz a queda), como é o caso de finasterida e dutasterida. Existem também medicamentos tópicos com minoxidil a 5%. “O medicamento, que pode ser em loção ou espuma, deve ser aplicado diretamente no couro cabeludo com uma pequena fricção. O aumento da circulação sanguínea do couro cabelo promovido pelo medicamento traz melhora na oxigenação da região. Juntamente com essa ação, espera-se uma prolongação da fase anágena (de crescimento) dos fios. Eles também tendem a ficar mais grossos, fortes e saudáveis”, explica a dermatologista.

Quanto aos suplementos orais, exsynutriment (silício estabilizado em colágeno marinho) e biotina podem ser usados. “O silício funciona como um estimulador de produção de colágeno e também reestruturador da arquitetura dérmica”, diz a médica. “O folículo piloso nutrido com silício e embebido em colágeno irá promover um incremento na produção de queratina, o que fortalece os fios, evitando a queda e proporcionando mais resistência e elasticidade”, destaca a médica. No caso da biotina, o médico deverá avaliar se o paciente conta com essa carência nutricional. “Mas a indicação deve ser sempre feita pelo dermatologista para avaliar a real necessidade da suplementação”, afirma.

Transplante capilar

Quanto aos tratamentos invasivos, o mais famoso é o transplante capilar. “Basicamente, o procedimento consiste na retirada de unidades foliculares (raízes dos cabelos) do paciente de uma região, chamada de área doadora, para serem transplantadas em outra”, afirma o Dr. Diogo Coimbra, cirurgião plástico especialista em transplante capilar e membro da Brazilian Association of Plastic Surgeons (BAPS). Segundo a BAPS, o transplante capilar não é indicado apenas para homens com alopecia androgenética. “Mulheres com a condição também se beneficiam do transplante capilar. Além disso, o procedimento pode ser indicado para restaurar e/ou aumentar a densidade capilar de outras áreas, como barba e sobrancelhas, para reduzir o tamanho da testa ou mesmo para reparar sequelas de procedimentos prévios, como cicatrizes de lifting facial ou resultados insatisfatórios de outros transplantes capilares”, diz o Dr. Diogo Coimbra.

Os resultados do transplante capilar, segundo a BAPS, são extremamente naturais, desde que o procedimento seja realizado por um profissional devidamente certificado e com ampla experiência. “Após o transplante, que é realizado folículo a folículo seguindo a angulação e a distribuição natural dos fios, os cabelos crescem com a mesma cor, textura e velocidade de crescimento da área em que foram retirados. Não há risco de rejeição, pois as unidades foliculares utilizadas são do próprio paciente, e os resultados são permanentes, visto que o procedimento é feito com unidades foliculares que não possuem a genética da calvície”, diz o Dr. Diogo Coimbra. Um ano após a cirurgia, o paciente enxergará o resultado final. A BAPS ressalta que o paciente deve buscar um cirurgião plástico experiente, já que uma avaliação adequada e a técnica do profissional são fatores que impactam diretamente no resultado do procedimento. Na dúvida sobre o especialista, a BAPS sugere verificar se o médico conta com RQE, que é o registro de qualificação de especialidade, e procurar por outras pessoas que já tenham passado por procedimentos com o profissional para verificar qual foi a experiência e o resultado.

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