MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, em agosto de 2023, seis novos cursos online de Estudos críticos, organizados pelo MASP Escola. São eles: Curadorias museológicas: artes e culturas indígenas nas Américas, com Aristóteles Barcelos Neto, de 1 a 31 de agosto; Poéticas da expropriação e contranarrativas na representação indígena, com Ellen Lima, de 3 a 31 de agosto; Para uma história da arte decolonial no Brasil, com Carolin Overhoff Ferreira, de 4 de agosto a 22 de setembro; Religião, símbolo e poder afro-brasileiro na formação da cultura nacional, com Vagner Gonçalves da Silva, de 7 de agosto a 6 de setembro; Poéticas e visualidades negras na América Latina e no Caribe, com Nohora Arrieta Fernández, de 14 a 28 de agosto e LINA BO BARDI HABITAR: as revoluções do morar, com Marina Mange Grinover, de 15 de agosto a 19 de setembro.

De programa intensivo, o módulo de Estudos críticos tem como objetivo ser um espaço de debate sobre as intersecções entre a arte e as questões políticas e sociais de peso na atualidade. As aulas também transitam pelos assuntos propostos pelos ciclos temáticos que pautam o programa de exposições do museu a cada ano.

O curso Curadorias museológicas: artes e culturas indígenas nas Américas aborda uma série de experiências curatoriais e de salvaguarda patrimonial das artes indígenas no contexto de museus no Brasil. Essas experiências serão detalhadamente discutidas a partir de trabalhos realizados entre diversos povos ameríndios. Serão enfatizados desenvolvimentos recentes, alguns ainda em progresso, relativos à criação de um ecomuseu indígena na Amazônia, às relações entre as artes indígenas e as artes moderna e contemporânea, à patrimonialização do grafismo kene dos Huni Kuin, e à curadoria indígena e colaborativa das artes desse povo no MASP e no Museu do Índio, no Rio de Janeiro.

As aulas de Poéticas da expropriação e contranarrativas na representação indígena propõem uma discussão de como as imagens sobre indígenas configuram uma espécie de discurso oficial sobre a aparência e identidade indígenas e, por consequência, constituem um método de expropriação dessas identidades. O curso buscará analisar as representações feitas por não indígenas com o objetivo de pensar como se estrutura o que chamaremos de poéticas da expropriação nas narrativas hegemônicas, bem como debater sobre as formas de pensar os retratos e (re)tratamentos da imagem indígena.

Para uma história da arte decolonial no Brasil analisa 16 obras brasileiras, entre pinturas, fotografias, desenhos, instalações, performances, filmes e esculturas. São estudos de caso que, por um lado, escrutinam de forma descolonial obras canônicas da História da Arte brasileira, e, por outro, tecem discussões sobre obras de artistas afrodescendentes e indígenas, consideradas descoloniais devido ao seu questionamento da colonialidade, baseado em seu contexto epistemológico não-europeu. O curso constrói, portanto, um contraponto entre análises de obras de arte canonizadas, inseridas em uma narrativa mestra branca europeizante, associadas ao poder colonial, e análises de obras de perspectivas descoloniais, que se debatem com o legado colonial como o racismo epistêmico, genocídio, epistemicídio, etc.

As cosmologias e filosofias afro-brasileiras que fizeram do terreiro o epicentro de uma experiência multicultural afro-atlântica nas Américas é o tema central do curso Religião, símbolo e poder afro-brasileiro na formação da cultura nacional. As aulas irão incluir debates sobre os modos pelos quais essa experiência constitui a cultura nacional em termos de musicalidades, artes plásticas, literatura, cinema, expressões festivas, entre outras. Além disso, participantes irão questionar a relação entre tais símbolos e as estruturas de poder desiguais e racistas que insistem em não promover o reconhecimento e a mobilidade social das populações negras que os produzem.

As lutas históricas dos movimentos negros na América Latina têm dado origem a uma crescente visibilidade da produção de artistas afrodescendentes na região na última década. O curso Poéticas e visualidades negras na América Latina e no Caribe vai explorar as poéticas e visualidades que esses artistas contemporâneos propõem tanto em suas convergências quanto em suas múltiplas divergências. Que diálogos são estabelecidos entre artistas visuais do Caribe hispânico e do Brasil? Como ressoam na Colômbia esses diálogos transdiásporicos? É possível entender essa produção no espaço de uma tradição intelectual negra na América Latina e no Caribe?

O Habitar foi um tema importante na obra da arquiteta italo-brasileira Lina Bo Bardi desde os anos 1940 na Itália até seu falecimento em 1992 no Brasil. O curso LINA BO BARDI HABITAR: as revoluções do morar dará ênfase na análise de projetos, obras, desenhos, textos e artigos realizados pela arquiteta sobre habitar, sobre morar, sobre o viver urbano, sobre a casa em sentido amplo e gregário. Deste modo, propomos percorrer sua trajetória histórica em articulação com o Movimento Moderno. Em dinâmicas expositivas, leituras e conversas a proposta é um curso interativo, participativo.

Todos os cursos do MASP Escola oferecem bolsas de estudo e descontos para professores da rede pública em qualquer nível de ensino mediante processo seletivo após inscrição, além de 15% de desconto para AMIGO MASP. As aulas dos cursos online serão ministradas por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. Estes cursos serão gravados e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados de todos os cursos serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

Confira a programação completa:

Curadorias museológicas: artes e culturas indígenas nas Américas
Com Aristoteles Barcelos Neto
1 – 31.8.2023 | Terças e quintas, 19h às 21h
Online (10 aulas)
O curso tem como objetivo oferecer abordagens teóricas, metodológicas, práticas e criativas sobre uma série de experiências curatoriais e de salvaguarda patrimonial das artes indígenas no contexto de museus públicos e museus indígenas no Brasil. Essas experiências serão discutidas e analisadas em detalhe a partir de trabalhos realizados entre os Wauja, Asurini, Xikrin-Kayapó, Huni Kuin e Karajá e povos indígenas de várias regiões do estado de São Paulo. Serão abordados o novo conceito de museu do Conselho Internacional de Museus – ICOM (2022), a filosofia do ecomuseu e a aplicação de ideias da Nova Museologia. Serão enfatizados desenvolvimentos recentes, alguns ainda em progresso, relativos à criação de um ecomuseu indígena na Amazônia, às relações entre as artes indígenas e as artes moderna e contemporânea, à patrimonialização do grafismo kene dos Huni Kuin e à curadoria indígena e colaborativa das artes desse povo no MASP e no Museu do Índio, no Rio de Janeiro.
Investimento:
Público geral 5X R$ 96
Amigo MASP 5X R$ 81,60
Inscrições aqui

Poéticas da expropriação e contranarrativas na representação indígena
Com Ellen Lima
3 – 31.8.2023 | Quintas, 18h às 20h
Online (5 aulas)

O objetivo do curso é fazer uma reflexão crítica acerca das imagens sobre indígenas que foram (e ainda são) difundidas no imaginário nacional e que acabam configurando uma forma de expropriação dessas identidades. Para tanto, nosso percurso, dividido em cinco encontros, será dedicado a fazer uma reflexão sobre o conceito de expropriação pensado em relação à processos identitários, considerando e comparando criticamente os diferentes atores e produtores dessas imagens. No contexto da representação indígena, feita pelos colonizadores europeus e igualmente continuado pelo Estado brasileiro, faremos um percurso para reconhecer e pontuar o que chamaremos de poéticas da expropriação, buscando entender como se definem e se instauram no discurso público. Quanto às autorrepresentações indígenas, procuraremos discutir a importância de se reapropriar da imagem para construir pistas ou caminhos para a descolonização desse imaginário consolidado através da expropriação.
Investimento:
Público geral 5X R$ 48
Amigo MASP 5X R$ 40,80
Inscrições aqui

Para uma história da arte decolonial no Brasil
Com Carolin Overhoff Ferreira
4.8 – 22.9.2023 | Sextas, 19h às 21h
Online (8 aulas)

O curso procura desenvolver através de suas análises das obras coloniais e descoloniais um outro olhar e uma nova base para a História da Arte no Brasil. Entende que sua narrativa manteve, até muito recentemente, um olhar excludente em relação a artes e culturas diversas. O Brasil, como muitos outros países colonizados, moldou sua produção de conhecimento olhando para a Europa, importando seus conceitos, valores e sua metodologia. Criou seus cânones de obras e artistas, estudados através de dois critérios chaves: estilo e época. Este legado perpetuou e ainda perpetua a exclusão e diminuição de pessoas consideradas outras, racializadas através da cor de sua pele, seus traços físicos, suas supostas etnias, e suas culturas consideradas “primitivas” ou marginais. A consciência desse eurocentrismo fez aumentar nos últimos anos o desejo e a exigência de descolonizar as disciplinas das Ciências Humanas, entre elas, a História da Arte. Isto significa, primeiro, a necessidade de demonstrar o legado colonial na produção artística canonizada e na metodologia de análise dela, e, segundo, a introdução do estudo da produção marginalizada e uma nova teorização dos estudos com base em outras cosmopercepções.
Investimento:
Público geral 5X R$ 76,80
Amigo MASP 5X R$ 65,28
Inscrições aqui

Religião, símbolo e poder afro-brasileiro na formação da cultura nacional
Com Vagner Gonçalves da Silva
7.8 – 6.9.2023 | Segundas e quartas, 19h30 às 22h
Online (10 aulas)

Na primeira parte do curso, “O terreiro que o Brasil inventou”, participantes irão debater a formação das comunidades tradicionais de terreiro a partir das principais matrizes que as geraram: as filosofias e cosmologias africanas em diálogo/tensão com as práticas indígenas e o catolicismo popular. Serão privilegiados os dois modelos rituais mais conhecidos nacionalmente destas comunidades, o candomblé e a umbanda, apresentando-os em termos de sistemas simbólicos e valores civilizatórios. Na segunda parte, “O Brasil que o terreiro criou”, enfoque para o papel destas cosmologias na formação da cultura nacional enfatizando alguns aspectos: música, dança, festas populares, literatura, cinema, artes plásticas etc. Na terceira parte (ou conclusão), “Brasil, Iluminai vossos terreiros”, destaque para a contradição entre a exaltação desses símbolos étnico-raciais na cultura brasileira e a repressão e/ou invisibilização das mãos negras que os produzem. Do ponto de vista das contribuições pretendidas, espera-se: 1) formular uma perspectiva crítica de conceitos como sincretismo, mestiçagem etc.; 2) testar a aplicabilidade de uma teoria das trocas circulares simbólicas enfatizando o lugar das mediações e da agência africana e afro-brasileira; 3) evidenciar as potencialidades (força ou axé) dessa agência como ação e reação contra o processo de dominação, intolerância religiosa e racismo que insiste em retirar o protagonismo dos produtores negros de bens culturais no Brasil, evidenciando estruturas de segregação e desigualdade social.
Investimento:
Público geral 5X R$ 96
Amigo MASP 5X R$ 81,60
Inscrições aqui

Poéticas e visualidades negras na América Latina e no Caribe
Com Nohora Arrieta Fernández
14 – 28.8.2023 | Segundas e quartas, 19h às 21h
Online (5 aulas)

O objetivo do curso é explorar as poéticas visuais de artistas negrxs na América Latina. As populações africanas escravizadas nas Américas têm sido a espinha dorsal da produção cultural de vários estados-nação no continente. Entretanto, sua produção no campo das artes visuais tem sido continuamente apagada. A luta dos movimentos negros tornou-a mais visível e discutida nas últimas décadas. O curso começa com uma discussão sobre as formas tradicionais em que o passado colonial e a plantation foram representados nas artes no Brasil e no Caribe e como essa representação marcou o que é entendido como experiência negra. Em seguida, a partir de uma perspectiva comparativa, exploraremos as poéticas que artistas negrxs contemporâneos têm usado para discutir e provocar esses discursos tradicionais. Assim, discutiremos o contratropical da dominicana Joiri Minaya e o trabalho da cubana María Magdalena Campos-Pons; as interseções entre arte e comunidade na Colômbia; e as complexidades da cena artística afro-brasileira, uma das mais vibrantes da região. Por fim, comentaremos brevemente casos menos abordados, como os da Argentina e da Venezuela. Sendo uma proposta panorâmica, o curso, mais que trazer conclusões ou respostas fechadas, tenta se abrir no final com uma ou duas perguntas: quais são as poéticas experimentadas por artistas afrodescendentes contemporâneos para propor práticas que ultrapassam as noções de representatividade e identidade? Como entender essas práticas como parte de uma tradição intelectual ininterrupta de pensamento radical negro nas Américas?
Investimento:
Público geral 5X R$ 48
Amigo MASP 5X R$ 40,80
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LINA BO BARDI HABITAR: as revoluções do morar
Com Marina Mange Grinover
15.8 – 19.9.2023 | Terças, 19h às 21h
Online (6 aulas)

O curso tratará do tema do Habitar na obra de Lina Bo Bardi. A arquiteta, nascida na Itália, em 1914, mas que escolheu o Brasil para viver e trabalhar desde 1947 até seu falecimento em 1992, fez uma importante investigação sobre o morar moderno, o morar urbano e o morar popular. Ao desenhar móveis, espaços domésticos, residências, edifícios e cidades, Lina Bo Bardi imprimiu um pensamento inovador, para a sua época, sobre o que é habitar. Habitar é viver coletivamente, é relacionar-se com os outros, com o ambiente, é buscar modos de vida urbanos simples e integrais. Este curso abordará o contexto histórico e cultural dos principais trabalhos realizados pela arquiteta nos campos da arquitetura e do desenho industrial com ênfase nos projetos para moradia, sem, contudo, deixar de tratar de suas obras mais conhecidas como o MASP e o SESC Pompéia. O curso será dividido em 3 grupos de conteúdos e 6 aulas a partir da cronologia da obra da arquiteta. Os temas da arquitetura do morar, do desenho industrial de objetos e mobílias domésticas, e do trabalho nas editorias de arte e arquitetura serão a base para examinar a história da arquiteta. Seus projetos, desenhos e obras serão examinados sempre em diálogo com o meio cultural. Imagens, desenhos e textos subsidiam a narrativa que percorre 50 anos de história cultural do século XX. Esclarecendo a posição intelectual da arquiteta de esquerda, humanista e sua atitude de valorização da cultura popular em diálogo com a cultura moderna, o curso se desenvolve definindo Lina Bo Bardi como uma personagem importante para a cultura Brasileira com seu discurso inovador sobre o habitar.
Investimento:
Público geral 5X R$ 57,60
Amigo MASP 5X R$ 48,96
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