transição de carreira
     @moreiradesantana.gabriel

Por Gabriel Santana

A sua insatisfação é com o outro, sua esposa, seu marido,
com o seu trabalho, com sua rotina, ou com você mesmo? Talvez uma boa maneira de começar a responder isso é pensar no quanto você realmente sabe sobre quem você é, e como se vê daqui a alguns anos. Há uma tendência natural em transferir para os outros os resultados experimentados, sejam bons ou ruins. Isso acontece inconscientemente por motivos como medo de ser o único responsável pelo sucesso ou fracasso, pela felicidade ou infelicidade. Como suportaríamos lidar com tamanho fardo e mesmo com a sensação de “culpa” por uma situação vivida?

De fato, toda essa complexidade psíquica, emocional, que reflete em nossos comportamento de defesa e ataque no dia a dia, não têm uma fórmula exata ou uma tendência de ação e reação única em todas as áreas de nossas vidas. Por exemplo, alguém pode ser mais ativa profissionalmente, passiva no relacionamento conjugal e reativa nos relacionamentos familiares. Seja como for, o medo ou o hábito de subjugar aos outros atributos, valores e crenças nossas como que se os malfeitores ou benfeitores de nossos destinos é um caminho quase inevitável.

“Quase”, porque é possível rever esse fluxo automatizado ao longo dos anos, introjetado como verdades absolutas e imutáveis sobre outras pessoas e até sobre quem se é, ao se conscientizar que a diferença entre buscar a felicidade e a encontrar está em um reconhecimento de si mesmo, de perceber os próprios limites, ambições, temores e desejos ou, simplesmente, de alimentar a própria alma com determinadas crenças e valores.

Há uma questão de independência muito próxima ao livre arbítrio aqui, a qual demandará um equilíbrio interior para que o exterior lhe pareça favorável e lhe seja uma condição prazerosa. É preciso se permitir provar mais quem se é, para entender se isso lhe satisfaz ou se precisa de mais tempero, mesmo que no fundo a gente saiba, e espere, que ninguém é obra acabada, sem que tenha nada mais a aprender.

Bem verdade que esta não é uma tarefa tão simples, que deve ser subestimada ou cumprida apressadamente. O autoconhecimento capaz de libertar da “angústia do eu”, da ansiedade pelo amanhã, do complexo de inferioridade ou de abandono, entre tantas outras sensações autodestrutivas, assim como para encontrar suas reais motivações, habilidades, potencialidades e características autoconstrutivas, exige mais profundidade, mais tempo e serenidade. E exatamente por demandar tamanho cuidado e profundidade que o acompanhamento de um profissional é recomendável, mas não uma condição.

Já ouviu falar que os italianos dizem que todo cogumelo é comestível, mas alguns, apenas uma vez? Pois é. Lembre-se, você é o chef dessa cozinha chamada vida. Alimente-se do que faz bem para sua mente, à sua alma e ao seu corpo e o mais, bem, o mais talvez lhe apeteça, talvez não. Ora os pratos servidos serão os melhores, ora não. Ninguém acerta o tempo todo e, além disso, provar o que não lhe agrada ao paladar pode fazer você ter muito mais certeza do que lhe agrada. Bom apetite, quer dizer… boa degustação!


Gabriel Santana

É Coach, Jornalista e Psicanalista, acadêmico de Direito, especialista em Direito Corporativo e Compliance e pós-graduando em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo