Aos 28 anos, o administrador de empresas Ricky Ribeiro recebeu o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA), após concluir o mestrado em Sustentabilidade na Espanha. E o que poderia ser encarado como uma sentença de morte tornou-se combustível para Ricky seguir em frente como um profissional produtivo e uma pessoa interessada no bem comum. Para contar sua história, Ricky Ribeiro dará uma palestra motivacional no dia 6 de agosto, às 15h, para pais de crianças atendidas pela Casa da Criança Paralítica de Campinas e funcionários da instituição.

“É uma palestra com forte componente motivacional, uma história de superação. Falo sobre minha vida, o diagnóstico da doença e de como vim superando os obstáculos com bom humor e o apoio da família e dos amigos”, explica Ricky, hoje com 39 anos. E a forma de apresentar essa história é singular. Ricky começou a ministrar palestras presenciais em agosto do ano passado. Até o momento foram 14, sendo metade nos últimos 4 meses. E todas da mesma forma: ele escreve os textos, transforma-os em áudio e monta a apresentação de forma dinâmica no PowerPoint, tudo com um leitor ótico instalado no computador. Depois grava a apresentação em vídeo, já com a narração na voz digital, e leva-a pronta ao local. 

Ricky Ribeiro tem uma rotina agitada. Diariamente, às 8 horas, faz fisioterapia. Depois da sessão, as técnicas de enfermagem se encarregam dos cuidados pessoais. Inicia o trabalho diante do computador por volta de 11 horas e ali permanece até às 16 horas, quando tem nova sessão de fisioterapia. Ele volta ao computador às 17 horas e trabalha até tarde. Dependendo do dia, faz pausas para resolver questões pessoais. “Gosto de sair do computador às 22 horas, para assistir filme, ver jogo do Corinthians ou ficar com minha noiva, mas frequentemente trabalho até mais de meia noite. Desde que fiz a gastrostomia, não preciso parar para as refeições, já que o alimento entra direto no meu estômago”, explica.

Ricky Ribeiro

Atualmente Ricky trabalha na área de Sustentabilidade Corporativa da EY, multinacional de consultoria, e coordena o Mobilize Brasil, o primeiro portal brasileiro sobre mobilidade urbana sustentável, criado por ele em 2011. Possui ainda um boletim semanal sobre mobilidade em uma emissora de rádio. “Acho importante também ter momentos de lazer, ficar com a família, encontrar os amigos e namorar. O tempo é precioso. Para dar conta de tudo, minha principal arma é a disciplina e meu escudo é minha família, assim como todos os profissionais que cuidam de mim”, complementa.

Uma das motivações de Ricky para criar o premiado portal Mobilize era deixar um legado, já que a literatura médica dizia que ele teria poucos anos de vida. “Decidi dedicar meu tempo à fundação de uma organização que tem como objetivo contribuir com a melhoria da mobilidade urbana e da qualidade de vida nas cidades brasileiras. Isso significa que desejamos que nossas cidades sejam mais humanas e democráticas, com transporte público de qualidade, mais estrutura cicloviária e calçadas acessíveis, gerando menos acidentes e um ar mais limpo”, afirma.

Além do trabalho no Mobilize, Ricky acabou se transformando em referência para muitas pessoas pela forma como encara a vida e a doença. “Acredito que a principal lição que aprendi na vida é não desistir jamais, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. Eu recebi uma sentença de morte chamada esclerose lateral amiotrófica e me recusei a cumprir. Apesar das limitações, eu não sou a minha doença, sou o que escolhi ser. Se tivesse esmorecido e acreditado no prognóstico que me foi dado, hoje não estaria colhendo os frutos de tantas coisas boas que vêm acontecendo comigo. Essa é a mensagem que tento passar no livro “Movido pela Mente”, que escrevi em 2017 em parceria com a escritora Gisele Mirabai, e também pode ser considerado um legado que estou deixando”, conclui.

Serviço

Dia: 6 de agosto
Horário: 15h
Local: Casa da Criança Paralítica – R. Pedro Domingos Vitali, 160, Parque Italia, Campinas – SP