Nesta quarta-feira (10), a Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA) anunciou o nascimento do primeiro bebê com DNA de três pessoas no Reino Unido. A técnica, embora não seja nova, ainda é considerada inovadora e acontece em casos esporádicos. A criança, porém, ainda possui grande parte do DNA dos pais, sendo em torno de apenas 0,01% da terceira pessoa.
O tratamento de doação mitocondrial (MDT) surgiu com o objetivo de reduzir os riscos de doenças genéticas herdadas da mãe. Doenças mitocondriais são incuráveis e podem, muitas vezes, serem fatais para bebês recém nascidos. Além disso, podem causar a falência de diversos órgão.
Por este motivo, a técnica MDT foi desenvolvida, utilizando tecidos com mitocôndrias saudáveis de uma doadora de óvulos para desenvolver embriões sem a herança das doenças genéticas que seriam adquiridas pelo DNA mitocondrial da mãe. Desse modo, o bebê continua possuindo 99,8% do DNA dos pais biológicos, sendo apenas seu DNA mitocondrial adquirido da terceira pessoa.
Esta técnica de fertilização in vitro foi legalizada no Reino Unido no ano de 2015, mas apenas uma clínica, a Newcastle Fertility Centre, é licenciada para realizá-la. “O processo de Newcastle tem várias etapas. Primeiro, o esperma do pai é usado para fertilizar os óvulos da mãe afetada e de uma doadora saudável. O material genético nuclear do óvulo do doador é então removido e substituído pelo do óvulo fertilizado do casal. O ovo resultante tem um conjunto completo de cromossomos de ambos os pais, mas carrega as mitocôndrias saudáveis do doador em vez das mitocôndrias defeituosas da mãe. Este é então implantado no útero”, detalhou o jornal inglês The Guardian.
Este, porém, não é o primeiro caso de nascimento de um bebê com DNA de três pessoas. Em 2016, no México, uma mulher deu à luz ao um bebê resultante da técnica MDT. A mãe, da Jordânia, passou pelo tratamento após sofrer quatro abortos espontâneos e perder dois filhos que morreram ainda novos. A mulher possuía mutações genéticas da síndrome de Leigh, que é fatal, além dela e do marido terem dificuldade para engravidar.
Embora seja uma abordagem inovadora, os especialistas recomendam a realização de mais pesquisas para obter uma compreensão mais precisa dos riscos e limitações associados a essa técnica, já que até o momento há poucos casos relatados, o que impede a obtenção de conclusões definitivas sobre sua segurança e eficácia.