O município de Campinas, epicentro da pandemia na Região Metropolitana de Campinas (RMC), apresentou, ao término da 32ª Semana Epidemiológica (de 2 a 8 de agosto), a segunda redução consecutiva em número de mortes causadas pelo coronavírus. Neste período, foram registrados 75 óbitos, 14,7% menos em relação à semana anterior. (VEJA ANÁLISE COMPLETA)
Para o infectologista do Hospital PUC-Campinas, André Giglio Bueno, as reduções em sequência, somadas às quedas consistentes nas taxas de ocupação de leitos intensivos por Covid-19 (77,3% até 08/08), indicam uma diminuição progressiva da circulação do vírus no município. “Por conta deste respiro em Campinas, os números da região como um todo possibilitaram adequação aos critérios para a progressão à fase amarela do Plano São Paulo”, destaca.
Excluindo o município de Campinas da análise, há um crescimento de aproximadamente 56% no registro de mortes, somando as demais cidades da RMC, comparando-se à semana anterior. Os dados refletem, segundo o professor de Medicina da PUC-Campinas, os diferentes momentos da pandemia dentro da mesma região.
“Com as medidas de flexibilização sendo implantadas, é imprescindível que a população entenda que a pandemia ainda não está perto de acabar e que a responsabilidade dos indivíduos cresce na medida em que passa a ser uma opção de cada um frequentar ou não determinados locais”, acrescenta Bueno.
Coordenador das análises referentes à Covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas, o economista Paulo Oliveira, lembra que a progressão para a fase amarela, permitindo o funcionamento com restrições de bares, restaurantes, salões de beleza, academias, entre outros, vai flexibilizar ainda mais a operacionalização das atividades econômicas. Contudo, a medida não é suficiente de reparar os efeitos negativos da pandemia na economia. “A sustentabilidade dos avanços na flexibilização vai depender da eficácia dos protocolos na contenção da crise sanitária, porém a recuperação econômica, infelizmente, vai depender de outros fatores além da reabertura”, analisa.
“De forma pragmática, a retomada econômica depende significativamente da recuperação de consumo das famílias, sobretudo em um contexto de políticas econômicas avessas à ampliação do gasto público. Os dados do mercado de trabalho mostram que as reduções de salários, além do desalento e do empobrecimento da população, atingiram níveis bem altos, podendo inibir a retomada do consumo nos próximos meses”, finaliza o docente extensionista.
Na 32ª Semana Epidemiológica, a RMC teve diminuição de 4,4% (7,1 mil ocorrências) nos novos casos e aumento de 19,4% (203 vítimas) nas mortes. O número teria sido pior não fosse a queda de óbitos já mencionada em Campinas. No Departamento Regional de Saúde de Campinas, que integra 42 municípios, foram registrados 9 mil novos casos (redução de 3,4% em relação à última semana) e 242 mortes (crescimento de 4,76%). O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos no Estado, atrás apenas da Grande São Paulo.
As estatísticas atualizadas da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, estão no painel interativo do Observatório PUC-Campinas.
Observatório PUC-Campinas
O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.
A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.