Por Gabriel Santana
Você gostaria de mudar de profissão? Pesquisas realizadas nos últimos anos, como a divulgada pela ISMA Brasil (International Stress Management Association), têm apontado que cerca de 70% dos brasileiros estão insatisfeitos com a área de atuação profissional. Esse fenômeno que tem ocorrido no mundo todo, tem vários possíveis motivos: mudança de comportamento frente às novas tecnologias, culturas cada vez mais multifacetárias, estresse, ressignificação das necessidades e aspirações sociais, entre tantas outras.
Mas a pergunta que cabe aqui é: você, que já pensou nisso, acredita ter uma profissão ou uma carreira? Esse é o primeiro fator que, em meus atendimentos, mais tenho constatado como o propulsor de insatisfação. Ambos podem coexistir, mas não significam o mesmo. A profissão é o que advém do preparo técnico, da aptidão para determinada tarefa rotineira ou padronizada, é a posição daquele que emprega ou é empregado diante do outro. Carreira é o caminho traçado a partir de uma habilidade, de um talento ou qualificação profissional, uma condição carregada de significado, de uma missão que imprime uma posição de você diante de si mesmo. É o “e depois daqui, para onde irei?”.
Daí que para muita gente, o exercício de uma tarefa, de um ofício, por vezes é desestimulante e, a partir de sua resposta, podemos traçar um paralelo entre estar insatisfeito com o que você faz, como faz e onde faz, com o se sentir desprestigiado pela falta de reconhecimento, seja do seu chefe, do mercado ou da família. Assim como, antes de tomar uma decisão como a de reprojetar uma carreira – ou criá-la, caso constate que tenha apenas uma profissão – deve ainda refletir que estar infeliz com a atividade não é o mesmo que estar infeliz com o retorno financeiro dela.
E tudo isso importa porque emprego e empreendimento são diferentes de trabalho e, mais uma vez ao compreender que são coisas distintas, é mais fácil visualizar a mudança necessária. Emprego e empreendimento são mecanismos para se produzir bens e serviços. Já o trabalho é o que atribui uma marca àquilo que se faz. O filósofo Mário Sérgio Cortella bem sintetiza essa ideia ao afirmar que a relação de emprego é uma “fonte de renda”, ao passo que a relação de trabalho cria “fonte de vida”.
Superada essas questões e seguro de que algo realmente está errado, é necessário procurar quais têm sido os pretextos para permanecer nessa zona de conforto. E acredite, existem “zonas de conforto desconfortáveis”. São justamente aquelas que te deixam deslocado dentro de si mesmo, como negando uma necessidade premente, mas que lhe traz motivos externos para seguir como está. Pode ser estabilidade financeira, previsibilidade na rotina e na renda mensal, entre tantas outras.
Quer seja uma missão atrelada a sua profissão ou a uma nova carreira, quer seja a necessidade de encontrar o seu trabalho, busque o que faz sentido para você, sem medo! Lembre-se apenas de planejar essa transição, para que seja a realização de um sonho, não a deformação dele pela ansiedade ou pelo esquecimento de valores e necessidades igualmente importantes em sua vida.