Nascida no primórdio do rock revolucionário, Titãs teve o seu papel na luta pela liberdade de expressão no período da redemocratização do Brasil nos anos 80. Até hoje, depois de 36 anos de estrada, o grupo carrega uma identidade original, que encanta tanto os fiéis fãs quanto os novos.

Ganhadora do Grammy Latino em 2009, a banda, conhecida por sucessos como “Porque Eu Sei Que É Amor” e “Sonífera Ilha”, é composta por Tony Bellotto (guitarra), Branco Mello (voz e baixo), Sérgio Britto (voz, teclado e baixo), Mario Fabre (bateria) e Beto Lee (guitarra).

Titãs comemora 36 anos de carreira 
Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto

Depois de lançarem o CD e DVD da primeira ópera-rock brasileira, “Doze Flores Amarelas”, os artistas caíram na estrada em 2019 para apresentar “Titãs Trio Acústico” em comemoração aos vinte anos do clássico “Titãs Acústico MTV”. A redação da Campinas Cafe conversou com o guitarrista Tony Bellotto sobre a história e originalidade do grupo, que continua vivo depois de tantos anos de carreira. Confira!

Vocês estão nos palcos desde 1982. Como fazem para se manterem como uma das principais bandas do país até hoje? Como é feito esse trabalho de agradar a geração dos anos 80 e, ao mesmo tempo, os jovens de hoje?

Nossa permanência também é um mistério para a gente, porque a gente não faz conscientemente um trabalho para agradar essas ou aquelas pessoas ou para ficar tanto tempo junto tanto tempo na ativa. O que eu acho é que a gente gosta muito do que faz e tem muito prazer em fazer isso. E se existe um segredo para explicar essa permanência, é o amor pelo trabalho e prazer de estar fazendo aquilo que a gente faz.

Vocês fizeram parte de um movimento de liberdade nos anos 80. Como enxergam as manifestações da juventude atual? E no segmento da música?

A gente realmente veio de um momento especial e específico da história do Brasil. A geração do rock dos anos 80 nasceu em um momento em que a ditadura militar estava terminando, e a gente fez parte desse movimento para readquirir a liberdade de expressão. Hoje em dia, a gente vive em um outro momento, em que a democracia no Brasil está se fortalecendo cada vez mais. Acho que a juventude se manifesta da maneira que ela se manifesta, não cabe a gente ficar comparando. A gente veio de um outro momento, mas hoje é melhor, porque naquele tempo ainda existia censura. Hoje em dia, a democracia está totalmente estabilizada no Brasil e eu acho que o clima é de muito mais liberdade e respeito, já que a internet trouxe uma democratização da informação.

A violência contra a mulher foi o mote do ópera-rock. O que inspira essa nova proposta do Trio?

Sempre trabalhamos e criamos músicas inspiradas pelos acontecimentos. Muitas são crônicas daquele momento que a gente está vivendo. Hoje em dia, é inegável que o maior fenômeno político de renovação e liberdade vem por parte das mulheres. Todo movimento de conquista de direitos e de espaços é muito legal e é a coisa mais interessante que acontece não só no Brasil, mas no mundo. A nossa ópera fala principalmente sobre a violência contra mulher, além de outros temas.

“Titãs Acústico MTV” foi um fenômeno com mais de dois milhões de cópias vendidas, ganhador de discos de ouro, platina e diamante. Como esse projeto vai ser retomado no “Titãs Trio Acústico”?

Entre os motivos que inspiraram a gente a fazer esse show está a comemoração do disco. O “Acústico MTV” foi o disco acústico mais vendido. E esse disco, a gente gravou em 1997, vai fazer 22 anos. Há alguns anos, os fãs pediram que a gente fizesse uma comemoração, uma reedição daquele trabalho. Então, nós resolvemos fazer em alguns teatros, um show bem despojado. E de alguma forma ele relembra e evoca o acústico MTV, mas é um show completamente diferente, já que era um show grande com músicos e orquestra e, agora, é um show minimalista.

A proposta acústica com violões, piano, guitarra acústica e contrabaixo recriam uma nova linguagem do pop rock de vocês. É uma nova forma de se comunicar? Qual a ideia?

É mais uma forma da gente se comunicar. Desde o começo da carreira a gente sempre foi muito plural, sempre gostou de diversificar. Então tem momentos que a gente ao longo da carreira soa como uma banda punk, alguns momentos como uma banda pop, a gente já brincou com o universo da música brega, música popular, a gente já fez regge, funk. A gente gosta de ousar pelos caminhos variados da música. Um dos prazeres de fazer música é isso, a música é uma linguagem universal muito plural que permite você fazer muita coisa diferente. É um jeito também de a gente se motivar e não enjoar de estar fazendo o que faz, da gente não ter que repetir a mesma coisa.