@profrodrigodomingues

Por: Prof. Ms. Rodrigo Domingues 

Com relativa (e infeliz) frequência vemos atletas de elite tendo mal súbitos, enfartando e, em alguns casos, vindo a óbito. Recentemente o ídolo e goleiro espanhol Iker Casillas sofreu um infarto agudo do miorcárdio durante um treino. Por aqui, há pouco mais de 10 anos, o nosso melhor tenista da história, Gustavo Kuerten realizava sua última partida profissional ao ser eliminado na chave de duplas em Roland Garros. Ali, aos 31 anos, o tricampão do Grand Slam de Paris já não resistia mais às dores no quadril, tendo passado por três cirurgias no local sem uma solução para sua lesão. Extra oficialmente, diz-se que ele mal faz uma corrida leve hoje em dia. Pelé igualmente tem tido problemas crônicos de saúde aos 78 anos de idade.

Diante de histórias assim, quase que imediatamente, alunos me perguntam como pode isso. Como um atleta de alto nível sofre um infarto? Não deveriam eles ser os últimos a terem uma cardiopatia? Não são extremamente saudáveis? Outros, menos adeptos às atividades físicas, já se levantam para justificar suas posturas sedentárias. Os mais radicais chegam a questionar a ciência, como se tudo aquilo que sabemos até hoje fossem inverdades e/ou manipulações de uma elite dominante. Teorias da conspiração à parte, vamos ao que interessa, ou seja, à lógica e ao bom senso.

saúde e rendimento esportivo

Todos nós temos um limite, uma linha pré-determinada geneticamente para nosso rendimento físico e até mental. Chegar próximo a ela (ou nela) e se manter ali pelo máximo de tempo possível é o maior dos desafios de atletas e profissionais de preparação física. Não à toa, muitos apelam aos meios ilícitos para ultrapassar esta marcação do DNA. Todavia, entre a maioria de nós, parar por um tempo quando sentimos dor ou diminuir o ritmo e a intensidade dos treinos é perfeitamente viável, e mais do que isso, recomendável. Mas, quando se tem uma mídia mundial por cima, patrocínios milionários e competições sem fim, estas pausas não são consideradas até que uma grave lesão aconteça. Por vezes, os próprios atletas escondem dores e sinais de fadiga, inviabilizando um pré-diagnóstico.

Podemos tornar a questão relativamente simples considerando que todo treino causa um estresse físico, micro lesões que, com o devido intervalo e recuperação, são devidamente restabelecidas, inclusive num grau um tanto maior pelo metabolismo a fim de que a estrutura músculo-esquelética esteja mais apta a um futuro novo estímulo. Assim sendo, se a frequência e intervalos são respeitados, avançamos salutares e felizes. Porém, quando os jogos e treinos ultrapassam a capacidade de regeneração (fase também conhecida como anabolismo), lesões surgem, inflamações vêm em seguida e a saúde começa a se comprometer. Aqui reside outra grande polêmica no meio esportivo: os calendários de competições. Mas o que nos convém saber e reforçar, por ora, é que tudo se trata de equilíbrio, ou seja, alto rendimento, altos níveis de força e de hipertrofia muscular, resistência ou flexibilidade não te fazem mais saudáveis, mas sim a regularidade e o respeito ao próprio corpo.