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Por Karina Fusco

A cada dia, mais pessoas se lançam em busca de um propósito real para sua vida e isso se reflete instantaneamente em sua atuação no mercado de trabalho. Para Robson Godoi, professor de Marketing, Negociação e Estratégia da IBE-FGV, essa ânsia por fazer algo que realmente traga sentido para a vida e não só permita pagar as contas é muito característica da geração Millennial, mas há pessoas de todas as idades nesse caminho, afinal, o acesso à informação impacta na consciência de todos. “As empresas também perceberam que tendo um propósito definido e genuíno, acabam por engajar e motivar outras pessoas a “comprar” sua causa e a trabalhar para ajudar a realizá-las”, defende.

Em entrevista especial para a Campinas Cafe, ele fala sobre o tema que ainda vai levar muitas pessoas à reflexão.

Por que cada vez mais as organizações buscam o seu propósito?
Acredito que uma organização sem propósito equivale a uma pessoa sem alma! Cada vez mais as empresas começam a entender que é necessário se ter uma causa, uma razão ou motivo que faça sentido acordar cedo todos os dias e dedicar horas de trabalho.

Qual é o melhor caminho para buscar esse propósito? Basta apenas uma reflexão?Costumo dizer que “é uma trilha e não um trilho”, ou seja, existe uma trilha a ser seguida, mas não é uma receita, na qual a empresa não pode tentar alternativas diferentes. De maneira geral, o caminho é iniciar essa reflexão, te perguntando por que a empresa existe? Qual é o real propósito do negócio? Por que você faz aquilo? O que te moveu a abrir esse negócio? Qual é a sua grande motivação por trás desta empreitada?

Como a metodologia Golden Circle pode ajudar as empresas nesse sentido? E quais são os resultados práticos que ela traz?
Com essa simples metodologia, a empresa vai pensar, agir e se comunicar com seus clientes de dentro para fora, tornando-se mais inovadora, influente e rentável. Acredito que o resultado mais prático é poder criar uma forte conexão de confiança e lealdade com seus clientes e seus colaboradores.

Essa busca pela oferta de inspirações às pessoas visa atender sobretudo às novas gerações?
Sim! A geração Millennial, pessoas nascidas após 1982, preferem trabalhar em organizações que tenham um propósito. Para seis em dez millennials, o sentido de ter um motivo e razão de existir é que os leva a escolher a empresa na qual trabalham. Por outro lado, as empresas também devem contratar (sendo qual for a geração) as pessoas que compartilham dos seus valores e acreditam no seu propósito, não somente as que são boas tecnicamente ou que precisam do emprego. Isso garante que a empresa estará formando um “exército” que fará de tudo para atingir o propósito da marca, bem como, atrair e reter os talentos do futuro.

Como essa questão do propósito que se busca no mundo corporativo impacta a vida das pessoas?
Tanto os Millennials quanto pessoas de outras gerações, quando pensam nos seus objetivos de carreira, mostram-se tão interessados em saber como as empresas desenvolvem seus colaboradores e contribuem para a sociedade, do que somente seus produtos e lucros. Outro ponto interessante é que o nome fantasia da empresa acaba sendo o “sobrenome” da pessoa. Você percebe que a gente acaba se apresentando falando nosso primeiro nome e a empresa onde trabalhamos, por exemplo, sou “fulano, da empresa tal”, ou seja, ninguém quer ter atrelado ao seu nome próprio, o “sobrenome” de uma empresa que seja vista como corrupta, poluidora, desonesta, ou que não respeite as pessoas.

Essa busca dos porquês no trabalho também impacta a vida pessoal?
Acredito que o profissional que já tenha uma certa maturidade na vida pessoal, acaba buscando trabalhar em empresas que comungue dos seus valores. Já as pessoas que ainda não tenham essa consciência, acabam fazendo essa comparação naturalmente, ou seja, eles percebem a forma de pensar e agir da empresa onde trabalham e caso não tenham aderência aos seus valores, a continuidade nessa companhia será breve. Quando a sinergia dos valores não bate, o que sobra é apenas sobreviver e ganhar dinheiro, e aí, sinceramente, estamos trabalhando pelos motivos errados.

Por que a busca por líderes inspiradores é maior a cada dia?
Os grandes líderes conquistam o coração e a mente das pessoas, por isso que vemos muita gente pedindo demissão das empresas, não pela empresa em si, mas por causa dos seus líderes. O que quero dizer é que o que mantém a pessoa no trabalho é ter um líder que a inspire a alcançar algo que ela acredite e que represente um exemplo a ser seguido, seja pelo seu talento, valores, ou que tenha um propósito a ser compartilhado.

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