Campineiro fala sobre o seu dia a dia no confinamento pelo Coronavírus na China

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Cleyton Rocha e Mariana Arruda

Lucas Vital Matos Gabriel é campineiro, tem trinta e dois anos e mora na cidade de Fuzhou, no sudeste da China. O estudante vive no país há cinco meses e, atualmente, está concluindo seu mestrado. Apesar dele estar a cerca de 800 km da cidade de Wuhan, o epicentro do Coronavírus, a chegada da epidemia mudou de várias formas a rotina de Lucas que não pode deixar o dormitório da faculdade sem autorização prévia e precisa utilizar máscaras descartáveis.

A cidade onde ele mora decretou grau um de emergência, ou seja, o transporte público parou de funcionar em determinados bairros como forma de prevenir a expansão do vírus. Ainda, pessoas vindas de destinos como Wuhan e adjacências não estão autorizados a entrar nos limites da cidade. “As pessoas estão evitando ir a lugares com aglomerações e o contato com muitas pessoas”, explica Lucas.

A decisão de Lockdown (fechamento) da universidade e as políticas da cidade fizeram com que o mestrando se voltasse às artes como meio de fugir da monotonia dos 21 metros quadrados onde vive. O quarto é simples e não possui muita mobília, apenas uma cama, cadeiras e uma escrivaninha na qual livros trazidos do Brasil se amontoam. Tais livros são como memória física de sua família, já que foram presente do pai antes de deixar o país natal.

O desenho e a pintura não surgiram recentemente na vida do estudante, ainda no Brasil ele se formou em Artes visuais pela PUC-Campinas. Porém a falta de tempo livre e a rotina do trabalho de programador fizeram com que seu lado artístico ficasse em uma posição de inércia. Já na China, a impossibilidade de sair do quarto possibilitou o resgate de algo que ele sempre sonhou em fazer, os retratos. Durante as semanas de confinamento, o jovem já desenhou professores, amigos e familiares. Lucas prefere esse tipo de técnica artística pois aprecia as expressões e os sentimentos humanos “eu gosto de desenhar gente e coisas”.

O futuro do jovem ainda é incerto, já que o calendário de aulas desse ano ainda está sob análise e o início das aulas pode ser adiado a qualquer momento. Enquanto isso, o brasileiro continuará produzindo seus desenhos nas tardes temperadas com  chá e contemplação do tempo.